SAUDADES DELA
Já estou preparada para ser apedrejada em praça pública, mas continuo achando que saudade é um sentimento ruim. Não me contento apenas com lembranças gosto de realidade.
Aos 12 anos anos deixei Belém para morar na casa dela em Minas Gerais. No início tudo era festa, novidades, paparicos, doces e pizza de chocolate que eu amo! Depois ficamos distantes mesmo embaixo do mesmo teto.Minha avó paterna foi a pessoa mais medrosa que já conheci e talvez, inevitavelmente eu tenha herdado alguma porcentagem.
Sempre me dizia para nunca tirar cutícula do pé pois, poderia inflamar, inchar e ter de amputar.
Ganhou um micro-ondas e nunca passou perto, quando alguém o ligava, ela corria para a sala e só voltava depois de ouvir “pi pi pi”. Como se tivesse feito um estudo do caso, falava com muita convicção de que aquele aparelho moderno dava câncer, bom mesmo era o fogão, apesar de sempre ficar desesperada quando o gás acabava e alguém tinha de trocá-lo.
Médicos eram seus maiores inimigos, remédios uma cruz a carregar. Ficar doente era motivo de grande angústia, ela acreditava que a prescrição do médico iria fazer mal e para aliviar o
mal- estar, tomava até três banhos por dia.
Sempre me pergunto onde arrumou coragem por 6 vezes para enfrentar o desajeitado parto normal. Um mistério.
Mesmo sem ter usado o micro-ondas, no auge da minha egoísta pré-adolescência o câncer roubou sua vida. Uma época que eu só pensava no KLB e a única coisa importante era tirar foto com o Bruno, ela foi embora e só me dei conta do ocorrido quando o sofrimento do meu pai já era insuportável de ignorar.
Fico pensando que se fosse hoje, eu adulta práticamente e mais consciente que a vida não é só “Xalalalala como eu quero te amar” teria dado mais valor e atenção aquela que trocou minhas fraudas, me levou à natação e fez 12 bolos de aniversário para mim.
O último registro que tenho dela, é sorrindo dizendo obrigada por ter vindo, deitada na cama do Atentia - Atenção Médica.
Mergulho em um mar de lembranças e a vejo gargalhando quando meu cachorro puxava as roupas do varal, arrastava no chão e deitava em cima. Mesmo tendo de lavar tudo de novo ela o achava muito esperto por conseguir dominar o prendedor.
Posso ouví-la dizer “solta ele, não vou abrir o portão” e eu sempre egoísta, não queria que ela ficasse sozinha com meu cachorro.
Sei que não há como, mas se fosse possível falar com ela mais uma vez, pediria desculpas.
Perdão vó por ter sido tão fria e indiferente com sua doença. Desculpa por não me importar com sua alegria e nunca ter soltado o Lippy, mesmo sabendo que em minha ausência a senhora o soltava.
Perdoa-me por aumentar sua conta telefônica de tanto ligar na BH FM 102. Desculpa por tantas brigas e por nunca ter dito eu te amo. Hoje seria diferente vó. Desculpa e saiba que sempre falo para a pedicure “Por favor cuidado com a cutícula, pois pode inflamar e eu ter de amputar o pé.
Tee amooO, vó!
Sempre me pergunto onde arrumou coragem por 6 vezes para enfrentar o desajeitado parto normal. Um mistério.
Mesmo sem ter usado o micro-ondas, no auge da minha egoísta pré-adolescência o câncer roubou sua vida. Uma época que eu só pensava no KLB e a única coisa importante era tirar foto com o Bruno, ela foi embora e só me dei conta do ocorrido quando o sofrimento do meu pai já era insuportável de ignorar.
Fico pensando que se fosse hoje, eu adulta práticamente e mais consciente que a vida não é só “Xalalalala como eu quero te amar” teria dado mais valor e atenção aquela que trocou minhas fraudas, me levou à natação e fez 12 bolos de aniversário para mim.
O último registro que tenho dela, é sorrindo dizendo obrigada por ter vindo, deitada na cama do Atentia - Atenção Médica.
Mergulho em um mar de lembranças e a vejo gargalhando quando meu cachorro puxava as roupas do varal, arrastava no chão e deitava em cima. Mesmo tendo de lavar tudo de novo ela o achava muito esperto por conseguir dominar o prendedor.
Posso ouví-la dizer “solta ele, não vou abrir o portão” e eu sempre egoísta, não queria que ela ficasse sozinha com meu cachorro.
Sei que não há como, mas se fosse possível falar com ela mais uma vez, pediria desculpas.
Perdão vó por ter sido tão fria e indiferente com sua doença. Desculpa por não me importar com sua alegria e nunca ter soltado o Lippy, mesmo sabendo que em minha ausência a senhora o soltava.
Perdoa-me por aumentar sua conta telefônica de tanto ligar na BH FM 102. Desculpa por tantas brigas e por nunca ter dito eu te amo. Hoje seria diferente vó. Desculpa e saiba que sempre falo para a pedicure “Por favor cuidado com a cutícula, pois pode inflamar e eu ter de amputar o pé.
Tee amooO, vó!